Seminário internacional debate inclusão de mensurações de emissões de gases de efeito estufa nas contas nacionais

By IPC-IG

Organizado pelo IPC-IG, Ipea, ICS e o Governo do Brasil, o evento busca debater formas de incluir emissões de GEE no sistema de contas nacionais e a importância de se compatibilizar dados de inventários de emissões nacionais com o sistema de contas satélites.

 

greenhouse gases

 

Brasília, 16 de outubro de 2017 - Diversos estudos mostram que a mudança do clima é consequência de alterações causadas pela ação do ser humano no planeta, o que acarreta em um aumento da concentração de gases de efeito de estufa (GEE) na atmosfera. É fato ainda que a mudança do clima está, por sua vez, afetando cada vez mais a atividade econômica dos países. Essaé medida anualmente usando o Sistema de Contas Nacionais (SCN), que é comumente conhecido por sua estimativa do Produto Interno Bruto (PIB) – a soma em valores monetários de todos os bens e serviços produzidos em um período determinado.   

Nesse cenário, o desafio e as formas para a inclusão de mensurações de emissões de GEE no sistema de contas nacionais são o tema do Seminário Internacional Relacionando Mudança do Clima e Contas Nacionais, que será realizado nesta quarta-feira (17/10), em Brasília.

Durante o evento, renomados especialistas brasileiros e estrangeiros apresentarão formas de incluir as emissões de GEE nos sistemas de contas nacionais e como essas contas podem ser usadas e adaptadas para melhor monitorar políticas e ações nacionais relevantes para a mitigação dessas emissões, dentre outros pontos.

Debatendo a integração - Um número considerável de pesquisas científicas foi realizado para determinar se a mudança do clima, que é induzida pela ação humana, está efetivamente ocorrendo e o que precisa ser feito para reduzir as emissões de gases de efeito estufa. O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) aponta a queima de combustíveis fósseis e a mudança no uso da terra como os principais fatores para o aumento das emissões de GEE.

Eventuais impactos positivos da mudança global do clima, como o crescimento do rendimento agrícola previsto para algumas regiões, serão temporários e não superarão os impactos negativos. O aumento do nível do mar e a incidência de fenômenos climáticos extremos são consequências que representam ameaças significativas para as comunidades e as economias em todo o mundo.

Até recentemente, segundo a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, as medidas adotadas por países para a mitigação das emissões de GEE não poderiam ser integradas com as medidas da atividade econômica nacional. Isso representaria um problema importante, uma vez que a mudança do clima decorre fundamentalmente das atividades econômicas.

Dessa forma, a adoção do Sistema de Contas Econômicas Ambientais (SEEA, na sigla em inglês) pela Comissão de Estatística das Nações Unidas oferece um quadro que permite uma maior integração de informações que, em última análise, podem ajudar a melhor avaliar as respostas políticas à mudança do clima. O SEEA é uma conta satélite do SCN. Representa ainda um sistema de organização de dados estatísticos para a derivação de indicadores coerentes e estatísticas descritivas para monitorar as interações entre economia e meio ambiente, e o estado do meio ambiente para melhor subsidiar a tomada de decisões.

No caso do Brasil, o país assumiu compromissos ambiciosos para conter as emissões de gases de efeito de estufa. Contribuindo com cerca de 2,5% dos GEE do mundo, o Brasil ratificou o Acordo de Paris e comprometeu-se a alcançar uma redução de 37% nas emissões até 2025, em comparação aos níveis de 2005.

O tema do seminário guarda ainda estreita relação com a Agenda 2030 e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODSs), em especial ODS13, - "tomar medidas vigentes para combater a mudança do clima e seus impactos”. O debate coincide ainda com as comemorações dos 30 anos da assinatura do Protocolo de Montreal, que visa proteger a camada de ozônio.

O Seminário é organizado conjuntamente pelos Ministérios do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão (MP) e do Meio Ambiente (MMA), o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o Instituto Clima e Sociedade (ICS), o Centro Internacional de Políticas para o Crescimento Inclusivo (IPC-IG), a Comissão Econômica para a América Latina (Cepal) e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e conta com o apoio da Rede Clima.

 

Confira a agenda do evento

Mesa de Abertura
Alexandre Ywata, Presidente Substituto, Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea)
Roberto Olinto, Presidente, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)
Everton Lucero, Secretário de Mudança do Clima e Florestas, Ministério do Meio Ambiente (MMA)
Marcos Ferrari, Secretário de Planejamento e Assuntos Econômicos, Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão (MP)
Carlos Mussi, Diretor do Escritório da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) no Brasil

Painel 1: Experiências internacionais em estatísticas relacionadas à mudança do clima

Moderação: Kristina Taboulchanas, Oficial de Assuntos Ambientais, CEPAL Brasil.

Painel 2: Iniciativas de contabilidade ambiental brasileiras

Moderação: André Luiz Campos de Andrade, Assessor da Subchefia de Análise e Acompanhamento de Políticas Governamentais, Casa Civil da Presidência da República.

Painel 3: Relacionando inventários nacionais de emissões à contabilidade econômica

Moderação: Ângelo Gurgel, Professor Adjunto da Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas, coordenador do Mestrado Profissional em Agronegócio (FGV-Agro).


Sessão de debate: Desafios e caminho a seguir

  • Adriano Santhiago de Oliveira, Secretário Substituto de Mudança do Clima e Florestas, MMA;
  • Wadih Scandar, Diretor de Geociências, IBGE;
  • Márcio Rojas, Coordenador-Geral do Clima, Secretaria de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento, Ministério de Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC);
  • André Luiz Campos de Andrade, Assessor da Subchefia de Análise e Acompanhamento de Políticas Governamentais, Casa Civil Da Presidência da República.

Moderação: Gustavo Luedemann, Pesquisador, Diretoria de Estudos e Políticas Regionais, Urbanas e Ambientais, Ipea

Encerramento

  • Alexandre Ywata, Presidente Substituto, Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea);
  • Adriano Santhiago de Oliveira, Secretário Substituto de Mudança do Clima e Florestas, MMA;
  • Niky Fabiancic, Diretor Interino do Centro Internacional de Políticas para o Crescimento Inclusivo (IPC-IG), Coordenador-Residente do Sistema das Nações Unidas e Representante-Residente do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) no Brasil.