Estudo revela que 23% dos jovens brasileiros não trabalham nem estudam

Por IPC-IG

Parte de estudo regional, capítulo sobre os jovens no Brasil foi realizado pelo Ipea, que contou com apoio operacional do IPC-IG

jovens

 

 

Por Denise Marinho dos Santos, Oficial de Comunicação

 


Brasília, 3 de dezembro de 2018  –  Cerca de 23% dos jovens brasileiros não trabalham nem estudam,  um dos maiores percentuais entre os países da região da América Latina e do Caribe, segundo uma pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgada nesta segunda-feira, que contou com o apoio operacional do IPC-IG.  No entanto, a pesquisa refuta a ideia de que esses jovens sejam improdutivos, destacando que 49% dos jovens brasileiros se dedicam apenas ao estudo ou capacitação, 13% só trabalham e 15% trabalham e estudam ao mesmo tempo.   Na região da América Latina e no Caribe, o número de jovens que não trabalham nem estudam , os chamados "nem nem", chega a 20 milhões de pessoas.  

O estudo do Ipea faz parte de uma pesquisa regional intitulada "Millennials na América Latina e no Caribe: trabalhar ou estudar", que entrevistou mais de 15 mil jovens entre 15 e 24 anos, em nove países da região da América Latina e do Caribe com realidades econômicas e sociais diferentes:  Brasil, Chile, Colômbia, El Salvador, Haiti, México, Paraguai, Peru e Uruguai.   

O objetivo da pesquisa é entender melhor a decisão dos jovens que apenas estudam, apenas trabalham, combinam estudo e trabalho, ou não estão estudando nem trabalhando. Com base nessas informações, os pesquisadores sugerem ações políticas para ajudar os jovens a fazer uma transição bem-sucedida de seus estudos para o mercado de trabalho. A novidade do estudo é a inclusão de variáveis menos convencionais, que vão além da renda ou do nível educacional. Por exemplo, as informações que os jovens têm sobre o funcionamento do mercado de trabalho, suas aspirações, expectativas e habilidades cognitivas e socioemocionais.

A pesquisa regional destaca ainda que, apesar de o termo nem-nem induzir à ideia de que os jovens são ociosos e improdutivos, na América Latina e no Caribe a realidade é outra:31% dos jovens, principalmente homens, estão à procura de trabalho, e mais da metade, 64%, dedicam-se a trabalhos de cuidado doméstico e familiar, o que ocorre principalmente com as mulheres.  A condição de não estudar nem trabalhar é mais frequente entre as mulheres e os jovens mais velhos. Entre os que não estudam nem trabalham, a procura por emprego é uma atividade comum aos homens, enquanto os cuidados de parentes e filhos é mais comum entre a mulheres: 
 
Contexto brasileiro - No Brasil, o estudo buscou entender quais as aspirações, as barreiras e expectativas dos jovens brasileiros com relação à inserção no mercado de trabalho e à inclusão social.  Foram entrevistados 1.488 jovens entre abril e maio deste ano em Recife. A capital pernambucana foi escolhida por apresentar uma alta taxa de desemprego e um grande contingente de jovens que não trabalham e nem estudam.  Recife insere-se ainda no contexto do Nordeste, região que apresenta elevado nível de vulnerabilidade dos jovens: menor nível de escolaridade, vulnerabilidade no mercado de trabalho também.  

O Brasil está passando por um bônus demográfico, na qual a população ativa (entre 15 e 64 anos) é maior do que a população inativa (entre 0 e 14 anos, ou maiores de 65 anos), como por exemplo, idosos e crianças. Além disso, os jovens com idades entre 15 e 24 anos somam 17% da população total brasileira, ou cerca de 33 milhões de pessoas. Esse fenômeno demográfico é denominado “onda jovem” e apresenta um grande contingente juvenil pronto para ingressar no mercado de trabalho. 

 “O Brasil vive o ápice da onda jovem que começou em 2003 e terminará em 2022, quando o número de jovens começará cair até 2040, ano em a população entre 15 e 24 anos chegará a 12% da população total .  O país tem que aproveitar esse bônus demográfico para o desenvolvimento de políticas públicas, e para que isso não se transforme em ônus demográfico”, disse Enid Rocha, Diretora-Adjunta da Diretoria de Estudos e Políticas Sociais do Ipea.  

O estudo foi financiado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e o Centro de Pesquisas Canadense para o Desenvolvimento Internacional (IDRC), e foi coordenada regionalmente pela fundação chilena Espacio Público. No Brasil, pesquisa foi realizada pelo Ipea, com apoio operacional doIPC-IG.

Clique aqui para ler o estudo (em espanhol):